Amanhã.

Sinto uns lances no fone, meus ouvidos falam, e as vezes o peito sente fome, a voz dor, e os versos perdem pudor

Choro rima com raiva, desespero rima com amor

E foda se a métrica, o mundo e o amanhã...ta ventando pra caralho lá fora, e de raio em raio a pólvora envenena a maçã.

Todo mundo sem tempo, gastando o resto em sofrer, a alegria é acordar mais tarde, perder o amanhecer, dormir e esquecer... Que é muito cansativo tentar viver.

E eu cansei faz tempo, entretanto adquiri a mania de apreciar o vento... Nele as vezes, quando passa a madrugada, termina a tarde, e nem ao menos é escuro, eu ando e apenas foco em ser algo aleatoriamente único... Embora tudo tenha sido feito pra ser um amontoado de nada, essas infinitas possibilidades rodando a volta fazem a vida ser uma aposta mais engraçada.

Toco a janela... se as gotas caem em ritmo sádico eu saio pela porta porque as ruas tendem a ser mais exclusivas com a água la fora...

Eu não ligo pras luzes que caem dos céus...pois outro raio não ocupa meu lugar, outra cor não combina com meu presente, meus olhos estão tão exaustos que eu não consigo enxergar o amanhã, meu tempo é curto e alguém precisa envenar a maça...