ÁGUAS VÃO, ÁGUAS VEM.
Hoje,
o tempo me alerta,
refugio no meu quarto
para livrar-me das intempéries
do mundo,
sei que é no silêncio que
os poetas se escondem.
E olha, nem poeta sou.
Sou mãos que procuram,
olhos que buscam.
Mas não se engane
no barulho do mundo
só se acha coisas belicosas.
Aqui as águas são águas
e não fazem ruídos,
esse pássaro que canta
tão distante,
acaba de ser inserido
nesta divagação,
mas não faz parte deste poema,
este poema grita,
nas paredes contritas,
deste calabouço hermético,
liberdade, verdade, fuga.
Flutuam as mãos do poeta,
como um casal na valsa,
destronar os maus dos seus
púlpitos,
ocupai os bons, para termos
vidas longas,
assim, entre ofegantes respirações
a pátria se mantem viva,
dai-nos mãos fortes para segurar
as espadas,
e bom senso para perceber os
espertalhões,
eles são aviõezinhos que
fomentam as mãos que nós
sufocam,
as forças externas nos
subtraem,
eles, os aviõezinhos comem
as migalhas,
enquanto nós morremos
de fome.
Águas vão, águas vem,
enquanto o povo se permitem
serem manipulados.