ousadia
foi ousadia, eu sei, escrever-te
custou-me tempo
foram tantos os parágrafos desfeitos
pausas necessárias
tantas vezes...
por onde começar, perguntei a mim mesma
e num impulso, escrevi um poema
no dorso do teu corpo
e vi a brisa eriçar tua pele
e me vesti de desejos
de sonhos...
voei feito ave noturna,
alada
carente de pouso
insone, cavalguei nas noites
na solidão acompanhada
de mar
e de mirangens
num deserto só meu
vendo as estrelas se apagarem
e a lua se perder no céu
vislumbrando teu corpo amanhecer
lânguido, sereno,
solícito...
feliz
Margarida Di