Conta outra

Estou cansado.

Nunca fui um sonhador,

creio no acaso.

Hoje, quarenta e dois anos,

os bolsos cheios de pedras...

Frustrado

por não ter sido sorteado.

Nunca me pendurei

em todas essas bobagens

que impulsionam o homem.

Meu existir é automático,

flácido,

não acrescento

nem faço falta.

Pago minhas contas

e me tranco em casa.

Arranco minha máscara,

meus olhos

e tento dormir

(perdi minha alma ainda guri,

aterrorizado,

enrolado num lençol mijado).

Marcelo Alberto
Enviado por Marcelo Alberto em 29/07/2018
Reeditado em 29/07/2018
Código do texto: T6403964
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