Conta outra
Estou cansado.
Nunca fui um sonhador,
creio no acaso.
Hoje, quarenta e dois anos,
os bolsos cheios de pedras...
Frustrado
por não ter sido sorteado.
Nunca me pendurei
em todas essas bobagens
que impulsionam o homem.
Meu existir é automático,
flácido,
não acrescento
nem faço falta.
Pago minhas contas
e me tranco em casa.
Arranco minha máscara,
meus olhos
e tento dormir
(perdi minha alma ainda guri,
aterrorizado,
enrolado num lençol mijado).