Anjo Caído

Há um anjo caído.

Caído, sobre as águas, ajoelhado,

De olhos nos olhos com seu reflexo.

Na margem deste lago,

De água límpida e fresca,

Já muitos homens beberam de sua fonte

Crendo no seu poder redentor.

A abolição do pecado.

O anjo morrerá.

Sua divindade foi violada,

Assim como suas asas

Que força já não têm.

O anjo ferido,

Debruçado sobre a água,

Confessa seu pesar.

Seus remorsos,

Seu arrependimento.

O mundo que jurou proteger

Está em seu último verso.

E com suas histórias,

Escreveu-se o mais épico dos poemas.

O Homem,

Personagem principal desse poema,

Causou o seu próprio fim.

Assimilando as clássicas tragédias,

Comove quem lê

Esta triste história.

A Natureza apresenta ao anjo,

Morto sob o peso de suas asas,

Uma última peça musical:

Um largo com acordes menores

Levando o Céu às lágrimas.

O mundo ardeu;

O verde de outrora,

Inspiração do artista,

É agora o cinzento mais escuro

Nunca antes pintado.

Sérgio Peixoto
Enviado por Sérgio Peixoto em 30/07/2018
Reeditado em 30/07/2018
Código do texto: T6405035
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