O HOMEM PÚBLICO.

Lá se vai o homem

público carregando seus

conchavos na mala,

ele jamais andará de alma

lavada.

Seu sono repousará num

travesseiro de espinhos,

suas noites serão longas

e tediosas,

seus discursos não serão

mais ouvidos,

pobres homens lameados

de fétidos poderes,

pobres,

caminham nas carnes temporárias,

este fiapo de tempo por onde

percorre o corpo,

estes fugazes gozos serão um dia

pedras no coração da alma,

uma musica toca ao fundo,

resolvo não introduzi-la no

corpo reflexivo deste poema,

a chuva fina que cai lá fora

lavam os paralelepípedos ,

e eu penso, não lavará as

vestes deste homem publico,

vejam, estou fugindo da minha

proposição,

pé na estrada, lá vem ele...

reintroduzo nesta reflexão,

ele dormirá hoje de alma lavada?

os papéis assinados,

as longas reuniões nos gabinetes,

as costuras politicas,

e enfim ele vê os servos deitados

nos retrocessos,

pronto a fugaz felicidade íncide

em teus olhos,

pronto,

mais um degrau, pisa mais alto,

chega ao cume,

mas o tempo dono dos nossos

destinos correm por

fora,

e ninguém o avisou desta verdade,

em breve o tempo terá comido

suas ilusões e o homem público

será um velho vulnerável,

ele então comerá o pão que amassou,

olhará a eternidade ,

como alcança-la ,

a alma está pesada,

não há mais tempo de reparo,

ele vira na cama , os espinhos

plantados os apupam ,

pede clemência, clemência não há,

a lei de Deus é reta,

ele apalpa seus bens,

mas a alma queima em desatino,

ele chora, agora é um menino

pedindo perdão,

mas as dividas foram tantas,

na dualidade; corpo e alma,

não ha como compensar,

a alma é eterna ,

o corpo é curto voo,

o homem público se foi,

tempo perdido,

com as avarezas da vida,

acabou-se o mundo.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 04/08/2018
Reeditado em 04/08/2018
Código do texto: T6409244
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