Pai

Formado pela vida

De tudo você sabia

Eu te admirava, mas

Na minha timidez não dizia.

Eu um menino

Tímido, quieto, aflito.

Por hábito deitavas cedo

Rezava alguns segundos

Solitário na viuvez

Nem do escuro tinhas medo

Ao redor do fogo eu via

A noite adormecer.

Eu era feliz meu pai,

Senão na plenitude

Se um vazio havia

Buscava em tuas virtudes

Forças para viver.

Nada é eterno

Vai verão, vem inverno

Coisas que a gente sabe

Mas tristeza às vezes cabe

Nas saudades que te trazem.

Nos vazios das minhas lidas

Nas madrugadas de ausências

E como ver a querência 

Abandonada e sem vida.

Quem dera Deus meu

Te ver abrindo a porteira

Descendo pela estrada

Para matear nas madrugas

Fazendo chiar a chaleira

Na casa outra vez alegre.

Na inocência do menino

Pai e filho sorrindo

Num mundo de felicidades.

(dia dos pais 2018 - Confraria literária)