Caos em ordem

Não tinha dúvidas e nem certezas

Sequer lembrava alguma coisa

Ou adivinhava que houvesse luz

Por mais que os campos fluíssem

E o conflito substituísse as marcas

Sorria com os olhos como se vigiasse

Além das fronteiras da própria vista,

Distinguia entre árvores centenárias

Belas meninas e insignificantes sombras,

Na paisagem os arranha-céus destruídos

E corpos e mais corpos expostos

À luz extinta do sol, a poeira que subia

Cheirava ao desperdício e ao fracasso

Dos homens. Nos escombros da cidade

Alguns letreiros apagados anunciavam

Um caos em ordem, dias depois do fim.

João Barros
Enviado por João Barros em 06/08/2018
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