O silêncio fala

O silêncio fala pela boca dos mortos

O rio não pode ser lembrado

O vento é disperso e fragmentário

A noite interrompe o campo

O vazio perdura e cresce, cobre

Com seu tom o nada das manhãs

O silêncio fala pela boca dos fracos

E cumpre o desejo dos tolos

Apreende em suas mãos o frio

E segreda com ardor o desperdício

Ambientado entre os cacos do medo

Forma o mosaico da incerteza

O silêncio fala pela boca do tempo

E conduz cada um a seu devido lugar

No campo agreste e parado

Cercado de incrementos viciados

Comendo pela raiz a plantação

Sem nunca conseguir matar a fome.

João Barros
Enviado por João Barros em 06/08/2018
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