O CARNAVAL BRASILEIRO

Carnaval dos vagos dias,

do samba das escolas,

dos trios e das fantasias,

dos ricos, das esmolas.

Carnaval em alto mar,

do naufrágio do navio,

das brigas e do roubar,

da vida por um fio.

Carnaval do sonegar,

do lucro fácil a vir

a todo canto e lugar,

gente de blocos a rir.

Carnaval que se ferra,

políticos a pular

em palanque que berra,

sem contudo se quebrar.

Carnaval do velhinho,

do homem confiscado,

do Malan safadinho,

de todo descarado.

Carnaval do futebol,

do Ronaldinho doente,

do consumo de etanol,

da fome que o povo sente.

Carnaval das estatais,

do presidente mundial

em suas vendas imorais,

do grande roubo desleal.

Carnaval do incauto,

do analfabeto e vadio,

do povo em holocausto,

sem um viver sadio.

Carnaval do Marinho,

da notícia forjada,

que posta de mansinho,

é feita então malvada.

Carnaval do agiota,

dos juros altíssimos

ao povo como idiota

por banqueiros vivíssimos!

Carnaval dos colégios,

das crianças sem aulas,

do povo sem remédios,

dos hospitais sem salas.

Carnaval dos sem nada,

do trabalhador no ócio,

da terra sã e não arada

– da falência e ex–negócio!

Carnaval a mais de mil,

do traço do espertalhão,

da vítima país Brasil

de um povo em sofreguidão.

Carnaval do consciente,

do puro nativismo,

do brasileiro ausente,

sem nenhum obliquismo.

Carnaval da técnica,

do pensamento altruísta,

da enorme ação bélica

no agir do nativista.

Carnaval dos exemplos

sobre o governo estorvo,

do final dos ricos templos

da liberdade ao povo.

Salvador, 30/01/1999.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 08/08/2018
Código do texto: T6412873
Classificação de conteúdo: seguro