VÉU DEPAUPERADO
Poema de:
Flávio Cavalcante
 
I
escrevo nas entrelinhas a decepção
Daqueles julgados sem merecer
Um punhal gravado no coração
A dor da vergonha é melhor morrer


II
O no amarrado que dificulta o falar
A vontade que incomoda e enlouquece
De ver e ouvir sem poder explanar
A verdade que não foi dita me entristece


III
Só depois que as lágrimas caíram
Que eu pude sentir o nó na garganta
Fedida é a dor dos podres que surgiram
Lavagem do lixo que a poeira levanta


IV
O erro foi dissipando pouco a pouco
Igual a escrita mal escrita e apagada
Como a agonia do ser mudo e rouco
Irmã gêmea da língua podre estampada


V
No ombro desceu o véu depauperado
Que ao olhar para trás com veemência
Vi no longínquo e árduo passado
Todo reflexo da minha consciência
 
 
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 09/08/2018
Reeditado em 19/02/2021
Código do texto: T6414112
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