PORÉM, ENTÃO , ENFIM.

Saudade eu sinto

agora,

da infância que se foi,

das manhãs puras

do campo,

de meu pai atrelando

os bois,

o café cheirando a casa,

eu cheirando a manhã,

mamãe saciava a horta,

vovó varria o terreiro,

galo ainda no poleiro

exibia seu afã,

vovô picava o fumo

com canivete corneta,

na palha de milho seca

seu cigarro enrolava,

eu menino navegava

nos rios de informações.

Nada disso tenho agora,

me dói a recordação,

o tempo vai me levando

como nuvens pelo vento,

mas pro meu contentamento

outras coisas me alimentam,

como as pedras desta selva,

bebo água de torneira,

respiro pra não morrer,

as vezes em sonhos longos

vaqueio por minha infância,

um velho ainda criança

que não para de crescer,

porém, então , enfim,

me falta as coisas xis :

Tomar a água na bica,

ver a aurora acontecer,

sentar no banco da sala,

tomar café com quitanda,

ver os meninos dançar ciranda

nas noites de bom luar,

o que me resta de tudo

é esse poema adormecido

que acaba de acordar

da minha noite saudade

que me invade sem perdão,

porém, então , enfim

vou ficando por aqui,

com o olhar no meu passado,

mas me sinto saciado

com essa divagação.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 12/08/2018
Código do texto: T6417293
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