PORÉM, ENTÃO , ENFIM.
Saudade eu sinto
agora,
da infância que se foi,
das manhãs puras
do campo,
de meu pai atrelando
os bois,
o café cheirando a casa,
eu cheirando a manhã,
mamãe saciava a horta,
vovó varria o terreiro,
galo ainda no poleiro
exibia seu afã,
vovô picava o fumo
com canivete corneta,
na palha de milho seca
seu cigarro enrolava,
eu menino navegava
nos rios de informações.
Nada disso tenho agora,
me dói a recordação,
o tempo vai me levando
como nuvens pelo vento,
mas pro meu contentamento
outras coisas me alimentam,
como as pedras desta selva,
bebo água de torneira,
respiro pra não morrer,
as vezes em sonhos longos
vaqueio por minha infância,
um velho ainda criança
que não para de crescer,
porém, então , enfim,
me falta as coisas xis :
Tomar a água na bica,
ver a aurora acontecer,
sentar no banco da sala,
tomar café com quitanda,
ver os meninos dançar ciranda
nas noites de bom luar,
o que me resta de tudo
é esse poema adormecido
que acaba de acordar
da minha noite saudade
que me invade sem perdão,
porém, então , enfim
vou ficando por aqui,
com o olhar no meu passado,
mas me sinto saciado
com essa divagação.