Você em mim
São asas etéreas que concede-me o teu riso;
os teus dentes lindos,
tua gengiva carmim.
É um suspiro, uma força, o ímpeto da vida;
teu colo que me abriga,
os teus dedos de cetim.
É um olhar marejado que dá-me os teus olhos;
é toda minha vida em poros,
teu oceano sem fim.
É o estandarte da paixão que permite-me o teu cheiro;
o martírio do eterno pleito,
meu eu longe de mim.
Mas ao tocar-me,
eu sou tudo menos calma,
sou a penitência da alma
desfigurando a introspecção.
É a ilusão do teu riso no amalgama da vida.
O sensual e o divino, é a purgação exaurida.
Híbrida moira, a minha heroína,
tecendo os meus fios nos bilros da vida,
condenando-me ao açoite pungente da sina
de ser tudo,
menos teu.