Tudo em mim é silêncio

Às vezes me pego fazendo os mesmos versos com outras palavras.

Quantos livros já não escrevi sobre as mesmas coisas

Embora as intenções fossem outras?

Bares de esquina são bons pontos de observação.

As meninas passam a toda hora.

E, enquanto batem papo, uns e outros as observam,

Andando pelas ruas desertas no começo da noite.

Charutos incendiados se parecem com um trocadilho:

No fogo me afogo; mas, sem disfarce,

Prende a respiração e olha tudo ao seu redor:

Não há sentimentos, apenas sensações.

Por mais que eu quisesse mudar o discurso,

Minhas palavras são sempre as mesmas;

Em cada uma discuto as minhas ilusões,

Como se quisesse mostrar verdades insuspeitadas.

Não, não quero, tudo em mim é silêncio.

João Barros
Enviado por João Barros em 17/08/2018
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