Na Janela
O incansável relógio, em seu tic-tac constante, ávido mais agora que antes. Busca incerto o fim dos tempos.
Eu nele me vejo, imerso, buscando o fim da espera do que talvez nunca há de chegar.
Sou breve e passageiro, dedicado à busca do eterno. Da felicidade que não finda.
E meus olhos trêmulos, molhados pela lágrima quente que solitária e teimosa insiste em não correr, contemplam da janela o inverno árido.
Galhos secos e chão poeirento, no portão que atravessa o velho muro, à luz do branco Sol, um casal de rolinhas se acaricia.
Quiçá te encontre hoje? E ainda hoje te ame.