Olhos da Alma

Olhos da Alma

Doutro lado da rua

Vi um ser contorcido

Partes das vestes rasgadas

Expondo sua pele nua

Tratava-se dum cego moribundo

Que sentado, jazia pesaroso

Ao menos era o meu pensar imundo

Tomei coragem

E como fui tolo

Aproximei-me com patética relutância

Fiz-me perceber

O cego contorcido

Com seu sorriso amarelado

Derrubou toda a minha ignorância

Ao receber-me com tamanho afeto

Disse: “Filho, o pior cego é aquele que não quer ver.”

“Pois eu vejo tudo”

“Principalmente o teu preconceito”

“Velado, disfarçado em falsa caridade”

“E não há neste mundo”

“Quem o consiga disfarçar”

Então mudo, estarrecido

Dotado de olhos que “viam tudo”

Agora percebiam-se cegos e imersos num mar de lágrimas

O cego então resplandecia

Brilhava tal como um sol ao meio dia

Então disse novamente:

“Filho, olhe para o céu e te acalma”

“Posso não ver com os olhos físicos”

“Mas vejo tudo”

“Com os olhos da ALMA”

Eduardo Benetti

Eduardo Benetti
Enviado por Eduardo Benetti em 21/08/2018
Código do texto: T6425338
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