DESNUDA-TE!

Desnuda-te dos véus da tristeza

que de há tanto, em tua vida, te cobriram os cabelos

e faz da tua nudez, devassa, o novo céu em que teus desejos,

teus delírios de cio e fêmea se tornarão ode, canto e oração, projeto divino do prazer, do ser em festa, da promessa que trazes no corpo,

que és na alma, que tens nos olhos

de princesa!

Desnuda-te das sombras dos homens

que, mal passados por teu leito, não te amaram, te usaram;

e faze da tua nudez a vingança das dores a ti inflingidas pela posse animal ou pelo desiderato mater, herança distorcida da fé, imposição de falsos juízes às rés que, como tu, obrigaram à negação,

congelaram e empederniram o coração,

fazendo do fingimento, falsa canção

Desnuda-te da que, enfim, morreu

com teu grito de ‘chega, agora sou eu’!

e suba à montanha do prazer, escale-me ereto

pro teu satisfazer, realize os devaneios proscritos, negue

todos os escritos que te proibiam o embebedar-se do gozo;

estonteie-se de mim, do meu corpo e do meu lascivo bolero

de tornar-te felicidade, de cantar-te amor verdade, de construirmos

o prazer, o recíproco e devasso se ter!

São José, 26/10/2005 – 21:17h