A consulta

O homem vai ao médico...

Os exames estão bons,

Já olhou o resultado.

Caminha, caminha.

A calçada da grande cidade

Está cheia de gente.

Se parar de repente,

Pode ser atropelado.

Cruza com a mulher bonita,

Que anda depressa

Amamentando sua criança,

Com amor e sem pudor.

Segue a viagem.

Se os exames fossem ruins,

Podiam ser a morte,

Mas por sorte

Ela parece longe...

O que é viver o dia a dia

Senão uma vitória na loteria?

E o homem pode pensar,

Calmo, calmo...

Cruza com um amigo,

Dá pra cumprimentar,

Trocar duas palavras,

Palavras burocráticas,

Palavras simpáticas.

E o destino o espera,

Tem um médico ali à frente.

Mas os exames estão bons.

Olha para as pessoas.

Algumas têm exames ruins!

Não devia ser assim!

Fica triste na felicidade.

A gente é tudo e não é nada.

E escrevemos nossos destinos,

Na multidão que somos,

Na solidão que somos.

E se um de repente cai

No chão e lá fica?

Virá a ambulância.

Alguns vão parar,

Por pouco que seja.

Pequenez humana,

Pequenez humana.

Somos tudo e somos nada.

Somos deuses e somos cinzas.

Até mesmo os poderosos,

Os que aparecem no jornal,

Na tevê mundo afora.

O médico não foi para as consultas.

Talvez estivesse doente...