Tardes ensolaradas

O que odeio nas tardes ensolaradas

é o calor cortando minha nuca,

açoitando meu ânimo.

Cada passo tem três metros,

cada metro é um trajeto...

Sigo irritado em infinitas voltas ao redor de mim,

e a essa altura, já sou um deserto.

Ah, as tardes ensolaradas...

Crianças, jovens e velhos

lambuzando-se de sorvete, insatisfação e melancolia.

O rosto ardendo, a pele curtida...

Todos (cada um a seu modo)

empurrando a vida.

E já arrastado pelo marasmo,

avistando

feito uma miragem

o lugar que chamo de casa,

percebo, resignado,

que o que Realmente odeio nas tardes ensolaradas

é a obrigação de admirá-las.

Marcelo Alberto
Enviado por Marcelo Alberto em 01/09/2018
Reeditado em 01/09/2018
Código do texto: T6436690
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