Tardes ensolaradas
O que odeio nas tardes ensolaradas
é o calor cortando minha nuca,
açoitando meu ânimo.
Cada passo tem três metros,
cada metro é um trajeto...
Sigo irritado em infinitas voltas ao redor de mim,
e a essa altura, já sou um deserto.
Ah, as tardes ensolaradas...
Crianças, jovens e velhos
lambuzando-se de sorvete, insatisfação e melancolia.
O rosto ardendo, a pele curtida...
Todos (cada um a seu modo)
empurrando a vida.
E já arrastado pelo marasmo,
avistando
feito uma miragem
o lugar que chamo de casa,
percebo, resignado,
que o que Realmente odeio nas tardes ensolaradas
é a obrigação de admirá-las.