SOBRE OS PEQUENINOS

Eles aparecem contagiando as ruas,

balançam os portões com a energia das vozes.

O fôlego não termina em alguns minutos,

nem mesmo em poucas horas que passam velozes.

Envolvem-se fácil nos afazeres de criança.

Cerrem no parquinho como se fosse Disneylândia.

O que os move?

Quem os vê sorrir; não calcula suas marcas.

Quem os vê correr; não conhece seus cansaços.

Surgindo à oportunidade conquistam a plateia,

Mas sem plateia também correm na chuva.

Se jogassem no estádio sonhariam além das ideias

Mas sem gramado, jogam enquanto uruva.

O que os move?

Quem os ouve gritar;

não conhece o vazio que neles reside.

Quem os ouvir cantar,

não saberá

como guerreiam contra as origens.

Carinha de anjo, com peraltices por deslizo.

Filósofos sinceros na academia da alegria.

Mudarão sua reação com apenas um sorriso.

Mudarão seu desânimo com toda energia.

Mudarão suas decepções com a realidade deles.

Mudarão sua crença, com a simplicidade daquela fé.

São crianças que não entendem o que sentem.

E que disfarçam seu sentir de brincadeira;

Correm, pulam, se abraçam, extravasam...

se escondendo do que lhes falta a vida inteira.

Amam fácil, sem saber o que é amor.

Amam muito, mesmo que amor não sobre.

Amam tudo que recebem de você,

pela carência,

se rendem ao primeiro toque.

Num amigo buscam o apoio de um irmão.

Num conselheiro as orientações de um pai.

E no Abraço da tia da escola,

encontram a mãe que esteve ausente,

e quase choram.

Suas casas nunca tiveram placa de lar.

São sempre gritos na hora de acordar.

O seu cachorro talvez tenha mais atenção,

considerando os tratos da vida de cão.

O que os move?

É a pergunta que não se cala.

Sua história não se revela pela fala;

com cicatrizes interrompendo a emoção;

são guiados pelo vazio do coração.

Estás disposto a conhecer a real resposta?

Ame-os com a vida o quanto a alma está disposta.