O sangue negro
Por esse sangue que jorra
Ninguém chora, paga ou implora,
Não veem nada de errado,
Afinal, já não viam a hora,
O corpo que jaz ali é negro
E com isso ninguém se importa
E assassinado, ainda é julgado,
"Que fez para ter ali chegado?"
Apenas nasceu com sangue negro
E não evocam o corpo morto
De um homem que morreu integro
Mas que foi nada, que não, esquecido
E ninguém lembra, fala, ou se importa,
O sangue negro, como memória morta,
De um povo lhe que foi negado a história,
Agora luta para costurar seus remendos.