Há formigas morando no meu Jardim

Avistei um civilização ser construída

Sob a terra que eu paguei,

Cujos documentos comprovam

Em cartório que é minha.

Não me consultaram se aqui,

Em minha propriedade,

Poderia se formar uma sociedade

Inteira de formigas.

Agora divido meu espaço com elas em tudo.

Tomamos café juntos, o café que comprei,

Elas usam meus armários para fazer compras,

Se deitam comigo no sofá para ver televisão,

Acessam a internet que está no meu nome,

Usando, adivinhem, meu computador.

Elas se quer fizeram uma oferta

De aluguel pelo espaço que ocupam no meu terreno.

Pensei várias vezes em mata-las, isso mesmo,

Mata-las cruelmente, afogadas com a mangueira,

Incendiando suas casas, administrando algum veneno.

Não ouse me julgar, pois sei que você já assassinou algumas delas.

Mas a verdade é que elas só querem sustentar

Seus milhares de irmãos recém nascidos

E deixar um mundo pronto pra eles, com túneis,

Edificações elegantes, e um rastro bem definido.

Para onde elas iriam se eu as expulsasse de casa?

Não se confundam, não as suporto,

Mas nos toleramos e hoje, mesmo sendo às vezes mordido,

Já aceitei que eu é quem sou o inquilino.

Vinícius Rabêlo
Enviado por Vinícius Rabêlo em 28/09/2018
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