SOU
então,
sou um rio
e também um deserto
árvore que repudia o chão
galho
e folha efêmera
semente que um dia nutriu
flor
hoje desnuda
ausente
nas estações
trilho
e trilha
sou
a bússola
o mapa
o continente
os pés descalços
imunes de dor
sou o meu próprio
horizonte
minha própria
estrela
e minha própria
escuridão
sou asas
e sou balão
no ar infinito
que me abriga
sou todas as formas de relevo
(geograficamente falando)
sobretudo planaltos
planícies
e depressões
sede
e fome
sonho
e realidade
e fogo
e cinza
lava
e vulcão
vida
e morte
eu sou
não sou razão
eu sou
emoção
Margarida Di