REFLEXÃO DE UM ZÉ QUALQUER.
Eu tenho
um pé de Carqueja
no fundo do meu quintal,
três muros que cercam
a casa,
e um céu para eu espiar,
um pássaro preso a gaiola,
que canta pra me acordar,
a noite vem as estrelas
brincar de me encantar,
tenho tudo que busquei,
nada mais a esperar,
o tempo vai me levando
para o destino final,
passa nuvem ,venta a brisa,
neste inicio de tarde,
só não passa a dor que sinto
nesse coração que arde,
seguro com mãos bem firmes
sem dar nenhum alarde,
viajo em disparada, mas nunca
ei de alcançar,
a vida que eu deixei, quando aqui
eu vim parar,
lá eu tinha tudo isso,
sem muros pra mi cercar,
tinha meu pé de Carqueja,
tinha o céu ao meu dispor,
a brisa quando eu queria,
vinha e levava o calor,
os pássaros em revoada,
sempre vinha me alertar,
que todo esse sertão,
estava em minhas mãos
quando eu bem precisar,
mas, o sonho é bicho doido,
faz a gente delirar,
botei os pés nas estradas,
carreguei minhas quimeras,
buscando a felicidade,
larguei meu mundo pra traz,
procurei aqui, e ali,
desgastei meu corpo e alma,
e por demorar encontrar,
brinquei de felicidade,
quando na realidade o que
aqui vim buscar ,
avia deixado pra traz.
Hoje junto ao meu lamento,
abri-me os lírios do sertão,
paira neste meu delírio,
a semente a germinar,
a chuva no meu telhado,
o sitio cheio de gado,
o pomar ao meu dispor,
o riachinho sem pressa,
um mundo cheio de graça,
mas agora o que eu vejo,
além destes três muros,
são ruídos absurdos,
que nem eu sei explicar,
um povo em agonia, correndo
para alcançar,
mas por nunca alcançarem nada,
brincam de felicidade,
nisto, meu filho, o tempo passa,
nos sufoca com o cansaço,
e de abraço em abraço,
sem ver a felicidade, vamos
á etapa final.