Minha família, vejo-a inflamada,

Minha família, vejo-a inflamada,

meus colegas não falam doutro assunto,

todos severos, certos, mas pergunto

se é crime condenável saber nada.

Penso, tão carinhoso, em minha amada,

em como é minha Cruz ser seu fiel,

em como é doce à mão minha o anel,

em como sou pequeno, mas gigante

no amor e na carícia crepitante...

...que nem sei como entrar nesse tropel!

Tropel de gente heróica pro país,

tropel de gente grande, gente esperta,

gente predestinada à descoberta,

pessoas que pintaram seus perfis

com cores de desejos senhoris

e gladiam ao sol da primavera!

Enquanto eu amo e penso "Quem me dera

ter agora um beijinho seu amável",

pensam "Nosso país insustentável

precisa do civil que vocifera!"

Quero amar com cuidado a minha amiga

que para ter eu amo toda hora,

pintar somente à cor de linda flora

somente o amor e a nota desta lira.

Tomo rota tão néscia assim na vida?

É minha miudeza grave crime?

Querer ser uma flor de odor sublime

mais que herói caçador de maldição,

ter mais jardim que fogo ao coração?

Deus não me deu valor que eu mais estime...

6/10/2018

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 07/10/2018
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