Vagalumes

Dentre tantos postes, faróis e astros luzentes

As ruas parcialmente escuras, banhavam pessoas vazias e perdidas

Essas pessoas carregavam filhos, cachorros e hobbys

Sem serem preenchidos

Sem nem ao menos transparecerem amor por "seus bens"

Nos outros espaços existentes

Vagalumes e insetos voavam aturdidos

Em busca de mais sentido.

Dentre todos esses seres e organismos complexos

Uma lanterninha se destacava dos demais

Pois tinha algo que não havia em nenhum outro

Ela queria crescer...

Transcender as linhas tênues que dividiam os perdidos, dos que tentavam aos poucos se achar e dos que por algum motivo, se conheciam e sabiam amar demais

Para ela as convenções não cambiam mais

E aqueles astros lampejantes, já não podiam aquece-la.

Dentre as vielas e ruas desalinhadas

Por onde ela passava, um rastro neon ficava

Como um clarão guia de esperança

Ou um aroma que por sorte, pudesse chamar sua luz

Pois de certa forma, ela também se sentia no escuro

escuridão essa que uma luminária ou lanterna qualquer não pudesse rasgar

Ela queria mais do que outra luz altruísta e vazia

Desejava uma fonte de calor que a modificaria

Que pudesse compreende-la, aprecia-la e supri-la

Preenchido de tanta consciência quanto o pequeno pirilampo.

Um dia cotidiano, mas não um dia como outro qualquer

Ela voava como todas as manhãs, até o entardecer

Observando o caos e as falsas paixões

Quando um fenômeno acontece... e aparentemente uma nova estrela surge no horizonte

Seria aquilo um sinal, recompensando sua força e fé?

Embebida de esperança, desesperadamente ela voa e voa

Até seus músculos implorarem interrupção

Até seu cérebro tentar convence-la a parar

E após muito chocar-se com sua consciência, ela cai

Mas antes de desligar totalmente, agora mais perto... sua estrela não passara de um outdoor

E tudo fica escuro novamente.

Dentre tantas horas passadas

Aos poucos, sua consciência é restabelecida

Serrando os olhos para voltar a enxergar

Lutando contra o clarão, que no momento ofuscava até seu desgaste

Forçando seus globos curiosos a adaptar-se

Ela se vê envolta por uma luz certeira, de um astro que a fitava de longe, ao decorre de toda sua jornada

Mas no instante presente nada daquilo importava, nem onde ambos estiveram ou o que passaram para estar ali

Este momento era único e bastava por si só

O inseto luminoso sentia como se cada fóton, agora direcionado a ela, sempre fora parte dela

E essas pequenas partículas cintilantes, irradiasse a consciência do ser, a uma euforia de distância

Enorme... Estrela magnifica... Capaz de cegar os seres mais reluzentes

Ainda sim o vagalumezinho, fora o único fulgor que a vez sentir algo

Um formigamento, uma vontade de mudar, de viver, de brilhar... para alguém

Pois para seus grandes olhos, aquele filete tremeluzente

Havia quebrado todas as barreiras.

Delírio Rodrigues
Enviado por Delírio Rodrigues em 10/10/2018
Reeditado em 12/10/2018
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