Nas larvas dos meus medos

Tenho pressa de requentar minha alma

arrancando-a das larvas dos meus medos

que tanto se faziam saltitar.

Tenho pressa de consertar meus cheiros

para que deixem de apenas enxergar

e possam, também, lembrar tudo aquilo

que tanto temo de atracar.

Tenho pressa de nascer de novo

quebrando a casca do ovo que setenciou meus sonhos

os impedindo de voar quando mais precisavam.

Tenho pressa de arejar meus úteros puídos

aqueles tecos de mim que poderiam esgarçar a paixão

mas que hoje só fazem desprezar meus vinténs.

Tenho pressa de virar gente de novo

mergulhando nas fronhas soberbas do perdão

aquele mesmo perdão que fiz virar pó.

Tenho pressa de arejar meus sangues

para que reencontrem seu lar, sua cor, seu cheiro

e assim, chão a chão, caatinguem meu fim.

Tenho pressa de estancar meus silêncios moucos

aqueles mesmos que, por certo, deixarei transbordar

para que, sorrateiros, tragam de volta a dor que desalojei.

Tenho pressa de não mais morrer, não mais secar,

dedilhando as ancas do meu desprezo desatinado

o mesmo que envasei, calado, num soluço qualquer.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/10/2018
Reeditado em 12/10/2018
Código do texto: T6473882
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