POEMAS DOS ÚLTIMOS DIAS.
Usava a luz para
espantar meus medos,
não gosto da sensação
do medo,
no escuro o medo fica
cada vez maior,
disso não tenho duvida,
quando o dia se abri o
medo se recolhe,
ele é filho da noite,
quando a luz morria,
me cobria e silenciava
meus suspiros,
era sempre criterioso com
minha respiração.
Hoje meus medos são outros,
temo a provável repressão,
achar o correto pelos caminhos
errados,
colocar algema nas nossas expressões,
querer e não poder dizer,
a dor de espadas ocultas
no coração,
inverte-se o papel aqui nesta
reflexão, o burro vai com o milho
pegar os incautos,
para depois colocar sua carga
sobre vossos ombros,
disso me importo,
depois das cancelas fechadas
dali chibatas,
disso tenho preocupação,
até aqui
sou dono dos meus escritos,
depois, talvez não,
cadeados nas expectativas,
algemas nas mãos , a pátria está
numa encruzilhada,
o ódio supera a inteligencia,
em dias as águas correrão
claras e suaves,
ou se turvarão,
neste ponto vou interromper
este poema,
aquele medo do escuro já não
me preocupa mais,
descobri que com o tempo outros
medos virão, e outros e outros mais,
guardo a caneta ,
recolho no meu silêncio,
esperando a onda ameaçadora
passar.