POEMAS DOS ÚLTIMOS DIAS.

Usava a luz para

espantar meus medos,

não gosto da sensação

do medo,

no escuro o medo fica

cada vez maior,

disso não tenho duvida,

quando o dia se abri o

medo se recolhe,

ele é filho da noite,

quando a luz morria,

me cobria e silenciava

meus suspiros,

era sempre criterioso com

minha respiração.

Hoje meus medos são outros,

temo a provável repressão,

achar o correto pelos caminhos

errados,

colocar algema nas nossas expressões,

querer e não poder dizer,

a dor de espadas ocultas

no coração,

inverte-se o papel aqui nesta

reflexão, o burro vai com o milho

pegar os incautos,

para depois colocar sua carga

sobre vossos ombros,

disso me importo,

depois das cancelas fechadas

dali chibatas,

disso tenho preocupação,

até aqui

sou dono dos meus escritos,

depois, talvez não,

cadeados nas expectativas,

algemas nas mãos , a pátria está

numa encruzilhada,

o ódio supera a inteligencia,

em dias as águas correrão

claras e suaves,

ou se turvarão,

neste ponto vou interromper

este poema,

aquele medo do escuro já não

me preocupa mais,

descobri que com o tempo outros

medos virão, e outros e outros mais,

guardo a caneta ,

recolho no meu silêncio,

esperando a onda ameaçadora

passar.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 13/10/2018
Código do texto: T6475028
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