Realidade paralela

Não conseguir dormir durante toda noite,

Sentir-se perseguido pela angústia do intangível.

Por que instigar a razão e sofrer com a saudade,

Se o pacto do silêncio foi rompido pela morte?

O que importa é ter razão suficiente para nutrir saudade.

O amor antigo vive de si mesmo, sem cultivo alheio ou presença,

Da convivência em falas e sílabas que os ouvidos levaram ao coração.

Sem nada exigir nem pedir. Nada esperar do destino que em vão nega.

Amor antigo tem raízes profundas, muito além dos meros fatos antigos,

Feitos de sofrimento e também de beleza mergulhada no infinito.

Em toda parte o tempo desmorona e o silêncio provoca angústia,

Mas o que foi grande, ardente e deslumbrante, nunca irá fenecer.

É só entregar-se em seus pensamentos, envolver-se na sua fantasia

Escutar o silêncio entorpecido pelo anoitecer sem nada argumentar,

Sem perguntar se a tempestade um dia realmente passará.

Trocar os sentimentos angustiantes que sufocam, sempre intocáveis,

Por uma realidade paralela que só cabe num bom sonhar.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 16/10/2018
Código do texto: T6478057
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