PRECE DE DESALENTO.

Louvado meu bom Deus,

por permitir esse rio que

peleja em minha frente,

e esta brisa que varre

meus sentidos, e me da,

tanto conforto.

Obrigado por esse cão

deitado sobre o caniço,

roendo seu osso com essa

boca boa,

queria eu roer meus ossos

com o mesmo gosto.

Obrigado, digo, meu Deus

por aquela estrela sem luz

disposta no azul do céu,

queria dela a resistência absurda

de lutar contra o astro sol,

dela, queria a ousadia de tentar

ofuscar essa luz que cega.

Obrigado, meu Deus,

por essa boca seca, sedenta

querendo água e beijo,

nela percebo meu corpo vivo,

e minha capacidade de dar

um passo.

Obrigado, digo, senhor,

por minha alma que queima

neste fugaz tempo , agora,

mastigo estas belezas com a boca

afiada do coração,

esse rio, esse cão, e essa sede,

da sentido minha vida,

me toco, e aquele homem morto

de antes, me parece viver,

graças a vossa santa bondade.

Minha prece me revela

nesta tarde quente,

por vossa bondade sou grato,

não leia em mim lamento,

e esse desalento indigno,

é meu,

quando penetro na m'alma,

e percebo o absurdo desta vida que

não me espera,

e esse tempo que voa

a minha frente, ditando o tamanho

dos meus passos,

me faz voltar a querer , vosso braços,

e nele deitar e dormir.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 20/10/2018
Código do texto: T6481683
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