APENAS UM SONHO

APENAS UM SONHO

Um sonho e nada mais.

E do nada que se faz medo.

E do medo que se forja

a sobrevivência da agonia.

E do dia que se resume num vagalume.

Um sonho e do resto de insônia

se cria um mundo devasso e cruel.

E o anseio de querer atingir o céu.

E do mistério quase cria do nada

o sonho vem como guinada,

como repente acima do cotidiano,

que é a própria opressão

em forma de meridiano...

Um sonho e nada mais

e consumir objetos.

É assim que se faz os dejetos.

É assim que se pára no tempo e

se vê o rosto no contratempo.

Um sonho,

sabe-se lá um resto de vida

nesta constelação,

neste universo que é o meu coração.

Sorrir sentindo a agonia

na flor do peito.

E o desfeito de mais um que se achega...

E permitir-se um sonho,

apenas um sonho.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é setembro de 2007.