ALENTO

Ronda a morte qualquer corpo

Precisa ela que alguém morra

Que algo termine ou se acabe

Sem importar-se em ser feia ou bela

A face daquilo ou de quem morre

Tentamos mensurar o tempo

Impetuosamente medir a idade

Prorrogar o prazo, a validade

Da frágil matéria que utilizamos

Disfarçando as marcas da realidade

Entretanto ainda que insistamos

Conservar intacta esta plataforma

Enfrentamos pasmos desafiando a hora

Que chega o fim e leva embora

Tudo e o todo de toda forma

O que alenta é que há sementes

Mudas, semens, óvulos, polens

Maneiras que refazem da dura sina

A vida brotar intensa e nos lembrar

Que a morte mata, não extermina