Maria. (Ponto final)

Hoje ela também acordou mais cedo,

Como dito, porém não fingiu costume.

Apenas por perder o sono.

Preferiu doce de leite invés de café. O cheiro que ele exalava a traria lembranças que viria uma lágrima rosto a baixo.

Seus pijamas estavam surrados, seus cabelos totalmente despenteados e sem rabo de cavalo, ela não quis sentar na grama e sentir o cheiro da terra molhada, o cenário apesar de urbano, mas que em sua imaginação, bucólico, pouco importava.

Maria parecia não ser Maria. Onde ela estava?

Faltava a metade para completar o cheiro do café rotineiro matinal que se costumava tomar. Faltava a caneca e o copo americano.

Ela apenas, cabisbaixa voltou para cama. E o doce de leite, seu preferido, parecia amargo - o deixou de lado. Maria sentia saudade, cuja mesma dizia que jamais odiava alguém, mas sim tal sentimento. O peito chegara a apertar e a respiração parecia não ter espaço para o oxigênio circular.

Onde estava ele que adorava vê-la de cabelos despenteados? Que de fato, a fazia chorar, que nunca foi que nem o " Eduardo e Mônica" mas foi como a " Maria e Ele", da forma só deles, do jeito só deles, do sentimento só deles, do amor conexo mais desconexo só deles. E de repente, cadê tudo?

O seu "bom dia minha Maria", era tão peculiar que a arrancava um sorriso bobo, mas tão belo. As suas afirmações de que: “você é a minha menina” ou “ eu nunca irei te esquecer", amoleciam o coração tão duro e cético dela e a fazia sempre sorrir.

Maria não sabe mais sobre caminhos. Procura porquês, respostas e não as acha.

A dor de Maria é que não há mais ponto e vírgula, e sim ponto final, conforme a mesma ouviu dele friamente e ele a impôs que a mesma o pusesse também naquilo tão puro, leve, bonito, que ambos sentiam, e ele dizia não mais fazer parte daquele sentir.

Maria de fato é uma peripécia prolixa, porém o ama e ponto.

E, de tantos sonhos, apenas queria deitar-se ao lado dele, em seu peito, na pedra do Arpoador, de preferência quando o sol se puser, porque desse modo, seus olhos a fitam mais bonitos, e o brilho verde encandeia outras dimensões, embriagando-se junto ao amarelo dos reflexos solares, encantando-a.

Essa tal da Bossa Nova tão sonhada entre eles, a vivenciar um dia na cidade dos grandes poetas e compositores, restou ficar dentro de um sonho guardado numa caixa com as " tais " das melhores lembranças, o cheiro , gosto, momento, a pele, o toque, o beijo mais conexo [...].

A chave ficou no coração dos dois, porém uma enferrujou e se foi, a outra continua no lugar mais doce e florido do coração dela.

E ainda assim, ela havia prometido e há de sempre cumprir.

Sempre será a Maria dele.

A tua Maria.

Que se foi tão rápido do teu amor.

Marinara Sena

06:58am

31/10/2018

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 31/10/2018
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T6490699
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.