AS FLORES QUE EU TE DEI
Eu te darei flores na hora sombria,
na hora em que se unem às sombras,
na hora em que os olhos apenas assomam
as formas incertas de um gesto sentido.
Eu te darei flores por dar-te mais que isso...
eu te darei o verso das flores murchando
eu te darei o tempo das pétalas mortas
e te darei a passagem ao longo das horas
que murcham no peito, nos pulmões e pele.
Eu te darei o extinguir a chama, a fumaça...
pelos simples calor que antecede o frio
te darei o colo, o calor, a dor e o abraço
e a imensidão de meu olhar tão vazio...
tudo isso para que te lembres
que vou passando e para onde eu vou
não irás mais comigo...
enquanto os olhos contemplam a paisagem
deixo na face ainda um riso...
enquanto a derme, os poros e os nervos...
sorriem também, mas já chorando.