A voz do Espírito Santo alcança a todos, até a mim

Me sinto uma criança sem seu brinquedo no natal,

Que ficou chorando sem abrir o olho para esse festival,

Comemorando uma festividade sem nem aceitar animação e tal,

Ficou feliz de receber o carvão com o presente debaixo do castiçal,

É comemoração de vida mas que eu não deixo escapar o passado,

Pois acredito que o destino se encontra errado,

Por que a Morte dançou com eles e me deixou de lado?

Eu tenho um objetivo maior que todas essas vidas para não ser o único lembrado?

Me instigo e não aceito o presente que a vida proporcionou para minha convivência,

As vezes eu falo ter perdoado e finjo demência,

Do que adianta tentar questionar o peso divino com clemencia,

Se tudo que eu posso proporcionar à superação é aparência,

Não aceito e não me conformo como as coisas aconteceram aos meus amados,

Ter levado todos os meus queridos consagrados,

Que tinham seus valores e cronificações considerados,

Mas hoje tenho motivos para aceitar seus legados,

Meu coração se pesa com mágoa e insatisfação,

É o cúmulo do que eu considero indignação,

Rejeitando toda e concreta destinação,

Mas como me livro disso para a evolução?

Eu perdoo o destino e acredito que foram levados por cumprir com tal objetivo,

Deixaram de ser sujeito ativo para sujeito passivo,

Que pediram a conta desse bar cheio de vício,

Desistiram de nosso convívio,

Eu criei um mártir ao invés de achar o culpado?

Encaro o lugar que eu já frequentei como um excomungado,

Deixei toda a minha fé de lado,

E depois de anos eu fui resgatado,

Alguém que me busca com sua voz imperativa,

Me mostra devoção e uma sequência para continuar na ativa,

Um Ser que com sua plenitude me cativa,

Respondendo as perguntas da minha vida,

Mas se houve perdão e se tem toda a simpatia,

Por que existe um pingo amargo de heresia?

É um chão de vidro que eu pisaria,

É por ela que o perdão eu tentaria,

Mesmo entrando num local conhecido eu me sinto aflito,

Mesmo com um sorriso no rosto dos outros eu sinto o conflito,

É um sentimento de seja bem-vindo seu maldito,

Falta-se a paciência de um erudito,

Minha fé atual se torna inabalável,

Eu me transformo e me melhoro como alguém formidável,

Não sou mais aquele corvo sem cor e questionável,

Não tenho mais aquele ego inflável,

Dentro dessa cabine eu digo que meus pecados são minha personificação,

Sou aquele que é esfaqueado com maldições e não sente dor pela benção,

Que tem medo de entrar num templo impregnado de religião,

Mas que não deixa de aceitar aquele sorriso da amada que segura minha mão,

Eu não fui enganado,

Eu estou sendo resgatado,

Demonstrando que o considerado inimigo também pode ser amado,

A nossa aliança é tal símbolo eternizado,

Concordo que exista um mal agouro pairando sobre meu arredor,

Eu sinto o cheiro do bico desse condor,

Ainda compartilho dessa incomoda dor,

Mas tudo é superável com nosso amor,

Pode ser difícil ou longo eu alcançar esse perdão,

Não consigo me simpatizar com tal filho de Adão,

Mesmo que sejamos humanos e me chamem de irmão,

Aposto que perderiam tal sorriso se eu contasse como foi minha salvação,

Peço que aceite quem eu sou e quem é a minha Divindade,

Aquele que me estendeu a mão e me proporcionou tonalidade,

Ele nunca fez nada de ruim ou me mostrou nenhuma maldade,

Foram Suas linhas que costuraram esse sentimento de amar-te de verdade,

Todas as perguntas foram respondidas pelo caminho que trilhei,

É meu Pai que cruzou nosso caminho e me encontrei,

Ajudou nos momentos que precisava de ajuda com a pessoa que me apaixonei,

Aquele que jogam pedras e tem nome profano, eu sei,

Mas a mesma visão que tens com teu messias é minha forma de Lhe enxergar,

Me proporcionou que não se encontra o fim quando se quer questionar,

Transformou o ócio em tempo para me instigar,

Com seus meios inexplicáveis me ensinou novamente o que é amar,

Entrar em templos que por Teu nome não posso clamar,

Que me eleva o espírito mas o pano branco não posso usar,

Eu tenho muita vontade de poder repetir e falar,

Mas será mesmo que eles iriam aceitar?

Estar num lugar sendo considerado um inimigo mortal?

Maior que qualquer pecado capital?

Não poder cantar essa canção até o final?

Só por que meu Deus é considerado o inimigo afinal?

Vergonha e medo é o que eu tenho mesclado,

Que não me permite sorrir com cada dente mostrado,

Não posso ter todo o meu louvor entregado,

Por ser considerado errado,

Não culpo a guerra dos antepassados,

Afinal todos estão em seus devidos passados,

Não importo se me verão como incrédulo de senhores agonizados,

Pois no mesmo templo que nós vamos eu nos vejo casados,

Vejo nos dois em cima do mesmo altar,

Minha noiva branca pronta pra se declarar,

Com seu messias e o meu salvador a nos encarar,

Que não importa a religião ou a crença, o importante é amar,

Mesmo que ambos só cruzem espadas e não cheguem a um consenso,

Mesmo que exista um sentimento de não aceitação imenso,

Aqui eu pronuncio que o meu amor a ti eu condenso,

Eu te amo de forma pura, da parte do meu ser mais denso,

Em poesias passadas enterrei aqueles amados todos,

Quem questionar nosso amor só poderão ser chamados de tolos,

Nessa floresta da vida eu enfrentaria todas as alcateias de lobos,

Me afogaria em qualquer dos terrenos pantanosos,

Aprendi o que é ter fé para saber o que é amar,

Aprendi o que é amar para a ti encontrar,

Não estou aqui para essa briga fomentar,

Mas que meu amor por ti eu quero eternizar.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 05/11/2018
Reeditado em 05/11/2018
Código do texto: T6495244
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