MULHER NEGRA (R)EXISTE.

Sou descendente do povo africano,

Humilhados e escravizados há muitos anos,

Sou chamada de mulata, negrinha, moreninha...

Nunca sabem pelo meu nome chamar!

Desde a infância, meu cabelo sou obrigada a alisar:

"Estica! Prende esse cabelo, menina!"

Nunca entendi o porquê mas diziam que assim ficaria bonito, que não era pra reclamar.

Ando pelas ruas e percebo olhares em mim,

de nojo, desprezo, mas também de desejo,

afinal, muitos repetem, que minha cor é a do pecado!

Minha cor define o ódio que eles sentem por mim!

Vai dizer que com o suor que derramei, roubei essa roupa que comprei?

Na sua lógica branca, preto tem que reproduzir protótipos de preto.

ES-TE-RI-Ó-TI-POS.

Mas se vou para uma entrevista formal e bem vestida, ao me olharem, já pedem:

"Desculpa, você não de adéqua ao perfil que procuramos.."

Me tiram da escola, preciso sustentar minha família.

Na vida real e diária, ta na hora de dá um basta.

Sou Claudia que vocês arrastaram,

Sou Marisa que fuzilaram,

Sou Mariele que outro dia mataram,

Sou dessas Marias que lutam e se empoderam todos os dias!

Sou mulher e ser mulher negra,

É sinônimo de resistência no Brasil.

Julia Fernandes
Enviado por Julia Fernandes em 06/11/2018
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