MULHER NEGRA (R)EXISTE.
Sou descendente do povo africano,
Humilhados e escravizados há muitos anos,
Sou chamada de mulata, negrinha, moreninha...
Nunca sabem pelo meu nome chamar!
Desde a infância, meu cabelo sou obrigada a alisar:
"Estica! Prende esse cabelo, menina!"
Nunca entendi o porquê mas diziam que assim ficaria bonito, que não era pra reclamar.
Ando pelas ruas e percebo olhares em mim,
de nojo, desprezo, mas também de desejo,
afinal, muitos repetem, que minha cor é a do pecado!
Minha cor define o ódio que eles sentem por mim!
Vai dizer que com o suor que derramei, roubei essa roupa que comprei?
Na sua lógica branca, preto tem que reproduzir protótipos de preto.
ES-TE-RI-Ó-TI-POS.
Mas se vou para uma entrevista formal e bem vestida, ao me olharem, já pedem:
"Desculpa, você não de adéqua ao perfil que procuramos.."
Me tiram da escola, preciso sustentar minha família.
Na vida real e diária, ta na hora de dá um basta.
Sou Claudia que vocês arrastaram,
Sou Marisa que fuzilaram,
Sou Mariele que outro dia mataram,
Sou dessas Marias que lutam e se empoderam todos os dias!
Sou mulher e ser mulher negra,
É sinônimo de resistência no Brasil.