## BÊNÇÃO ##

Sem ter a quem pedir a bênção,

deixou-se morrer pelos cantos da casa.

Minguando entre paredes...

Violão sem cordas nem mãos que o toquem.

Vida debochando da letra amarga

da música que acabara de compor.

Bênção agora só a Deus

a quem não se duvida do amor.

De resto é armário abarrotado

de coisas em desuso,

é diálogo confuso,

perda de tempo, troca de fuso.

E eu que pedia a bênção

antes de ir brincar, desconfiada

das mãos finas de meu avô

a quem nunca consegui penetrar.

E por isso mesmo corria

depois da missão cumprida.

Bença vô. Deus te abençoe.

Menina virou, menina se foi.

Diálogo único, como Deus,

único que pode me abençoar

sem jamais caçoar dos sentimentos

e dúvidas, das tristezas e alegrias no vermelho.

Deus sempre foi mais eu diante do espelho.

(Taciana Valença)

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 06/11/2018
Código do texto: T6496343
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