Excalibur
O tênue corte cirúrgico
que tangencia o infinito
cauterizando ferida horrenda,
com pouca expressão e urro,
e ainda não se viu o absurdo
que se acometera
naquele eterno pérfido minuto
em que desembainhei a fina faca
para abrir a dura porta
que caiu foi sangue, ou lágrima,
ou só lamentos do não dito,
se me foge, por obsequio, a memória,
o sentimento ainda doí no peito
e se bem já não expresso
culpe logo o dano feito,
pois, se não fui eu a manejá-la,
tal mal, não me teria, a mim, feito,
ou aos ínfimos de outrem
E pois bem, ela é sagrada,
Alimenta a vontade própria,
o santo se alimenta do profano,
depois cospe de volta
sem saber no rosto de quem
nem se importa em quem respinga,
é apenas dano colateral
e tudo o que ela quer
cortar o tal mal pela raiz.