Na boca tua?
Que gosto tenho na boca dos outros?
Sem sal, sem gosto, sem doce.
Há quem me engula por remédio
Há quem me engula por precipitação
Às vezes na boca dos outros
Posso ser como carne borrachuda
Onde a garganta não acha ponto de engolir.
Que gosto insosso eu tenho na boca dos outros?
E eu, quero dar gosto aos outros?
A quem me engula como se fosse luz,
Para afastas a escuridão que vive neles
Há aqueles que após engolir sem degustar,
vomitam-me!
Mas e eu? eu quero dar gosto aos outros?
Que seja dito apenas uma vez:
Sou grande demais para tuas bocas pequenas
O meu gosto e inesquecível,
E o vício me precede
Não estou nem p'ra João, nem p'ra Maria
todos me são pequenos em demasia
Não existem estômagos que me dilua ou que se alimente de mim.
Ninguém pode viver de mim!