EXPRESSÕES DA ALMA.
Por não poder expressar essa tarde
resolvi ficar triste,
peguei papel e lápis e comecei
remoer épocas,
como um velho moendo cana
na engenhoca.
comecei a comer os tempos idos
com a mesma fome de um batedor
de estacas,
de prato em prato fui enchendo
meu vasto estômago,
peguei cartas velhas, retratos embaçados,
um quadro velho presente de minha
bisavó, e a paisagens simples que
nunca sairam da minha memória.
quis chorar, não chorei,
me meti por estradas pedregosas,
pulei cercas, montei burro bravo,
ri das anedotas do velho peixeiro,
tomei água do rio que não existe mais,
fui além de minha história,
preparei um discursos convincente,
discorri por tudo que me decorou
até hoje,
mas não encontrei a forma exata
de expressar esta tarde.
Tarde sem fim , sobre o vão da ruas,
escapam as buzinas dos carros,
e pelas janelas desta favela vertical
as mãos e as víceras tentam apalpar
a sindrome modernidade,
fico em frangalhos, moribundo,
e quando já me sentia morto,
uma voz suave tocou em mim,
arribe , os tempos são outros,
e assim sai,
fui procurar um lugar calmo
para me repousar...