Corpo
O corpo está fechado
Calado na sua fissura em gritar
Por isso os dias negros não parecem inquietar
Nestes dias tão escuros feito os fios de meus cabelos
Escondem-se os nós mais vivos de um opaco segredo
Que pouco a pouco tece o ritmo dos ondulantes movimentos de mínimas aparências
A folha seca toca o chão ignóbil, que abriga o firmamento de nossas escusas e vacilantes pisadas
Não demora que a vida chegue a tempo de escapar de nossas vistas incólumes
Que se riam todos os rios circundantes da alma com pressa
Se o mundo ficar mais puro do que a bacia das aguas dos olhos possam abarcar e, talvez suportar
O céu vai se levantar e repetir de uma vez por todas o eterno ontem que não ousamos esquecer
Só para colocar na nossa frente o esticamento do sonho em si
Pálida
Cálida
Idília
Vida
Que sobrepuja todas as formas de aversão, repúdio e rebeldia
Do ser que não está pronto e deveras sente
Do consolador que mingua na mais curta transição
Do enganador que se deixa ludibriar pelo próprio engano
Do perdedor que não deixa sua sombra girar
E continua até o porão de cada casa em numerosas esquinas
Só quem sabe onde vai dar é justamente quem não vai nos contar
De graça
Com graça
A graça
Está entre nós
Buscadores que não se cansam do silencio
Para o silencio se retiram
Do silencio se retiram
Nada mais contra a declarar.