Corpo

O corpo está fechado

Calado na sua fissura em gritar

Por isso os dias negros não parecem inquietar

Nestes dias tão escuros feito os fios de meus cabelos

Escondem-se os nós mais vivos de um opaco segredo

Que pouco a pouco tece o ritmo dos ondulantes movimentos de mínimas aparências

A folha seca toca o chão ignóbil, que abriga o firmamento de nossas escusas e vacilantes pisadas

Não demora que a vida chegue a tempo de escapar de nossas vistas incólumes

Que se riam todos os rios circundantes da alma com pressa

Se o mundo ficar mais puro do que a bacia das aguas dos olhos possam abarcar e, talvez suportar

O céu vai se levantar e repetir de uma vez por todas o eterno ontem que não ousamos esquecer

Só para colocar na nossa frente o esticamento do sonho em si

Pálida

Cálida

Idília

Vida

Que sobrepuja todas as formas de aversão, repúdio e rebeldia

Do ser que não está pronto e deveras sente

Do consolador que mingua na mais curta transição

Do enganador que se deixa ludibriar pelo próprio engano

Do perdedor que não deixa sua sombra girar

E continua até o porão de cada casa em numerosas esquinas

Só quem sabe onde vai dar é justamente quem não vai nos contar

De graça

Com graça

A graça

Está entre nós

Buscadores que não se cansam do silencio

Para o silencio se retiram

Do silencio se retiram

Nada mais contra a declarar.

Nina V Vicente
Enviado por Nina V Vicente em 20/11/2018
Código do texto: T6507066
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