ESTRELAS

Estrelas escorriam da tela,

na solidão do museu.

Aparei gotas de céu em minhas mãos.

Enovelei-as.

Possui por um tempo,

Estrelas abrasadas de loucura

e o azul mais azul que pode o azul ser.

Um céu enovelado que me aquece

e apaga – primaveras sem teus beijos,

invernos de angústias.

Teceu um manto azul

de estrelas trançadas,

um manto enfeitiçado.

Das estrelas da noite artesã.

Tem mãos de fada.

e tanto amor,

quanto estas estrelas deslumbradas.

Quando chegar aquela que amo

Com seus olhos

que são para mim, música;

e para outros, mel.

Quando ultrapassar a escura porta

e se quedar no branco leito.

Eu a cobrirei com o céu.

Um céu enovelado que aquece

e apaga – primaveras sem teus beijos,

invernos de angústias.

Passa o tempo brincando de saudade

sobre a translucidez da esperança

e o novelo de mágoas e lembranças

eterniza o cruel desenrolar

Na solidão de museu

Estrelas abrasadas de loucura

Aparei gotas em minha mão

Enovelei-as como antes

quase sempre igual- jamais contínua-

ao destino servil do consumar

Passa o tempo e nos fica a vaidade

na amargura da vida edificada

no desejo total de eternizar

Somos todos museus de embriaguez

quando não descartamos quase nada

pela doce ilusão de não passar

David Leite
Enviado por David Leite em 23/11/2018
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