Entardecer lírico
Ó alma imersa no vazio
Com cadeias de espírito sozinho
Busca um lugar que seja no búzio.
Ó alma que ao desejo tem medo
Anseia os mais belos sonhos desejo
O mesmo desejo do lume versejo.
Cantarei que todos querem carinho
Quem sabe um consolo de um amigo
E nisso tudo m'alma choramingo.
Eu que vi de perto as lágrimas
Gosto que essa mesma dor exprima
E o amor em tudo por dolo suprima.
Ó coração de teatro e verdade
Deseja de novo as ardencias da puberdade
Eu canto que poesia é liberdade.
De muito é feita minha dor, choro
Mas os prazeres que tanto penhoro
Sou ser humano frugívoro.
Caminha a alma ó querendo luz
E o amor no interior da flor reluz
Buscando o mesmo odor ano-luz.
Vai ó apaixonado à sorrir teu dia
Aos galopes do corcel tão arredia
Essa mesma loucura serôdia.
Canta que no peito sófrego vadio
Em muitas luzes de ser alvadio
Quer o calo de mel no ego regadio.
Dentre as trevas ó trevas
Essa alma depressiva e não vivaz?
Saibam os deuses que de mim provaz.
Ó alma que no berço da galáxia
Que me cuida bem a deusa em profilaxia
O amor não é magia e sim chilreios de lexia.
Ó amor de tão profundo na veia
Comido num prato de Prata em aveias
Meu sonho singelo isso ao céu me permeia.
Gostaria que o ar explodisse no pulmão
Com cálice de feo aos demônios dado azedo limão
A loucura é viver o êxtase da amedida sensação.
Cantemos por último na lareira
A alma que queima ao pó na clareira
Fizes-te um pacto ó poeta com a agoureira?
Ó alma dilatada nesse inverno
Tão inverno meu da praga hodierno
Vão todos os apaixonados deste vislumbre ao Inferno!
Vibra o amor canção de Deus
Canta que em mim o ser benzadeus
Cantarei somente aos sandeus.
Ó luminária de pragrana o lume
Com beleza de sabores incólume
Feita nessa poesia azedume.
É a canção de artista com beijos do sal
Que queima o cantar a alma abissal
Feito o poema meu amor tem na formosura o divino esponsal.