À beira
À beira, do rio
Onde tinha sido
Arrastada outrora
Pela correnteza.
Que transbordou
E inudou tudo.
À beira, agora
De onde sufocou.
Onde os braços
Sacudiam em desespero
Ao tentar chegar a superficie.
Onde o ar foi escasso
E as ideias inutilizadas.
À beira, no segundo passo
Para a margem
Mais alta, mais seca
E de onde ainda se vê o rio.
Desta vez um pouco mais longe
Ele até parece bonito.
À beira, até que o som
Da água batendo nas pedras
Remete a agonia
Em que esteve,
Presa
Engolido pela força de rio.
À beira, do próximo passo
Mais longe da margem
Sem se perder de vista, o rio.
À beira.