Esta tua boca

Esta tua boca, doce tua boca
Anuncia calafrios, aspirações loucas
Aquece-me a nuca a tua voz rouca
Remete cautela, contudo pouca

Esta tua boca, sabor ameno
Contato estático ademais sereno
Deleite em teor de casto veneno
Beleza que sentencia, me auto condeno

Esta tua boca, formas da utopia
Saliva quente e doce, quase epidemia
Ateia vida e logo me asfixia
Sorriso que cega, breve ironia

Boca em meio a boca
Dôo minha natureza dentre substâncias
Desnuda a boca minha, apta circunstância
Brota sorrisos, rompe distâncias

Boca qual boca
Gastronomia de carnes macias
Complementar e bonita é a tua geografia
Assim almejante, quase heresia

Boca gentil, arcano poema
Hálito fresco, cereja, alfazema
Tens-me em teu tato, em teu dilema
Liberta-me num beijo e logo condena.