Manufatura

Reviro minha garganta e arranco uma tesoura

um tecido e uma agulha. Dessa matéria sou feito

e tenho sido feito desde o início dos tempos.

Os elementos saem em procissão pela Cidade Fantasma.

Reviro minha nova garganta e encontro linha e máquina de costura.

Ofereço às aranhas minhas entranhas nas sombras da Cidade Fantasma.

Desce a madrugada e me cubro e trabalho tesoura, tecido, agulha

linha e máquina de costura. Para o enchimento trago misérias

de um antigo porta-retrato. Meu sangue - meu fino sangue

[no acabamento.

Apalpo-me em registro nervoso...

eis o que sou - tudo o que sinto! (Pés, mãos e mente...)

Sou uma almofada! inteiramente almofada na Cidade Fantasma.

Dowg G
Enviado por Dowg G em 15/12/2018
Reeditado em 15/12/2018
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