Poesia, poesia

Dum véu de cometas farei minhas cordas

quando as mãos faltarem pras poesias veras,

porque a poesia é a única estrada possível

é a esquina

em que o Eterno encontra ferido o efêmero

para cingi-lo num abraço das eras...

mas ela se transforma! a poesia agora

é o ritmo da chuva nas telhas, está nas asas

dos pássaros, nas centelhas divinas dos partos

[selvagens das índias...

a poesia é uma índia vestida de lua...

é uma operária rebelde que não se vende;

é um pedaço de terra do qual não se arreda

nem por todo o dinheiro do mundo nem com toda

[pressão dos cacetes...

a poesia é o pescoço livre da forca

e a Conquista do Espaço...

a poesia, camarada, não é mais nada

que o fim do espaço

entre um abraço e outro abraço...