Carneiros
CARNEIROS
Com o coração em pedaços,
lembrando nossos irmãos nordestinos,
que não fazem parte do Brasil verde - amarelo.
As promessas de melhores dias
acompanham vida afora.
A humildade fica estampada no rosto,
quando recebem restos das sobras dos poderosos.
Eles não carecem de esmolas,
Carecem de trabalho.
Mas que podemos fazer...
com fome e sede quem brinca?
Meu pai, Milton Amaral (92) me diz:
” Filha o latido dos cães sempre foi o mesmo,
somente mudou os nomes dos cachorros”.
João Cabral de Mello escreveu, MORTE E VIDA SEVERINA,
Euclides, Os SERTÕES, a nossa Raquel, O QUINZE.
Não foi dada atenção ao protesto dos intelectuais,
muito menos ao grito do povo.
Não há remédio quando não há interesse na cura.
O trabalhador do campo, das grandes cidades,
das populações indígenas ainda continuam
sem condição de vida e sem cidadania.
Anjo salvador!...
derramai vossa benção,
não deixeis nosso irmão
perder a dignidade,
e a fé no novo amanhecer,
nem que seja só repleto d’ água.