RETROVERSO

RETROVERSO

Duas malas velhas de couro

rasgado

uma vitrola

um violino

um sino

paredes descascadas

de uma igreja antiga

carregada de lembranças

e promessas

de tantas vidas

Quantas ali já passaram

quantas passarão?

O tempo esse malvado

ás vezes aliado

ri de quem nele acredita

amarra com um laço de fita

as extremidades das cordas de um violão

Isto porque o tempo não quer notas

não quer ensaios

o tempo vive entre repedidos maios

a tocar a impermanência

a fazer música

com experiência,

impaciência

impertinência

O badalar de um sino dourado

acaba de me convocar

como soldado divino

aprumo-me

animo-me

e entrego-me à dança de um novo calendário

imaginário

Imagino

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 02/01/2019
Código do texto: T6541095
Classificação de conteúdo: seguro