RETROVERSO
RETROVERSO
Duas malas velhas de couro
rasgado
uma vitrola
um violino
um sino
paredes descascadas
de uma igreja antiga
carregada de lembranças
e promessas
de tantas vidas
Quantas ali já passaram
quantas passarão?
O tempo esse malvado
ás vezes aliado
ri de quem nele acredita
amarra com um laço de fita
as extremidades das cordas de um violão
Isto porque o tempo não quer notas
não quer ensaios
o tempo vive entre repedidos maios
a tocar a impermanência
a fazer música
com experiência,
impaciência
impertinência
O badalar de um sino dourado
acaba de me convocar
como soldado divino
aprumo-me
animo-me
e entrego-me à dança de um novo calendário
imaginário
Imagino