O sangue de mil, o sangue de um

Quando a mente percebe a fraqueza

Nunca mais sente-se de novo

Sente apenas jorrar o sangue

Sangue nosso

"Sangue nosso que corre nas veias

Santificado seja o teu sal

Venha a nós tua labuta

Seja feita tua sangria

Assim no dia como na noite

O pranto nosso de cada dia dá-nos hoje

Perdoa nossas dores assim como

Perdoamos os nossos carrascos santos

Não nos deixe que caiamos em esquecimento

Mas livra-nos da nossa memória

Pois teu é o sal, o calor e o chumbo

Que assim seja."

O sangue de um inocente justifica

O quanto de dor se pode causar

Escorrendo pelas calhas da cidade

Caindo nos bueiros podres do subsolo

Sem utilidade, sentimento ou calor.

O corpo jaz inerte e trás nas vísceras

A única verdade que conhece: a morte

Uns riem-se e outros choram, mas

Todos deixam de transitar para observar

Aquela criatura tão vil que derrama

O líquido vivo de sua essência

E ainda sente sua vida escapando

Sério, olha para o lado, mas seu olhar

Parece perdido ou até... MORTO

Viveu para o trabalho.

Morreu para o esquecimento.

Tudo inútil... Tudo inútil?

Construíram um país para nós

Nossos pais e nossos avós

E hoje, não importa

Está tudo pronto,

É só abrir a porta

O sangue de um daqueles

Vale mais do que o sangue de mil dos nossos

E o sangue de mil dos nossos

Não vale o sacrifício de uma gota

Do sangue de um daqueles